Preso na Escuridão: A Agonia de Floyd Collins na Sand Cave
Caverna de areia, Kentucky
1925
Floyd Collins sentia a adrenalina pulsar em suas veias. Depois de semanas escavando, retirando pedras, cascalho e areia, ele finalmente havia rompido a passagem aprisionada há tanto tempo dentro da Sand Cave. Era sexta-feira, 30 de janeiro, e ele acreditava estar diante da descoberta de sua vida. Sua visão era transformar aquela caverna em um destino turístico lucrativo. Contudo, seu triunfo rapidamente se transformaria em terror.
O túnel até aquele ponto era um labirinto estreito e tortuoso, exigindo que ele se arrastasse, espremesse e avançasse centímetro por centímetro. Quando finalmente deslizou por uma fenda minúscula, caiu cerca de dois metros até o solo de uma enorme câmara. O local precisava de reforços, paredes e teto precisavam ser estabilizados, mas a visão da grande caverna aumentava sua excitação.
Foi então que percebeu que seu lampião estava com pouco combustível. Com pressa, escalou a parede e começou a voltar pelo estreito caminho. No entanto, ao empurrar a lanterna à sua frente, a base do objeto bateu contra uma superfície irregular e tombou. O fogo se apagou. Agora, ele teria que atravessar todo o trajeto na escuridão absoluta.

Deitado de costas, usou as pernas para se impulsionar pelas rochas irregulares. Ele conhecia bem aquele túnel improvisado e sabia que cada movimento exigia precisão. Mas, no breu total, um erro fatal estava prestes a acontecer. Ao pressionar um dos pés contra a parede para ganhar impulso, sentiu um tremor violento. Em questão de segundos, um estrondo ensurdecedor encheu o espaço, seguido por uma avalanche de pedras e poeira. Floyd gritou em dor quando sentiu a rocha esmagar seu tornozelo.
Ele tentou se mover, mas a dor lancinante o impedia. Suas pernas estavam presas, e seus braços, imobilizados sob um amontoado de escombros. O túnel em que estava tinha apenas quarenta centímetros de altura, e ele se encontrava encurralado a mais de quarenta metros da entrada. O silêncio era opressor. Ele não era estranho ao perigo — um ano antes, havia ficado preso na Crystal Cave por dois dias antes de ser resgatado. Mas, desta vez, estava completamente sozinho.
A angústia começou a tomar conta. Sabia que, na manhã seguinte, ninguém sentiria sua falta imediatamente. Tudo que lhe restava era esperar e torcer para que alguém notasse sua ausência. A escuridão e o silêncio absoluto eram quebrados apenas pelo gotejar incessante de água sobre seu rosto, cada gota uma tortura adicional. A posição em que se encontrava era insustentável, mas não havia escapatória. Eventualmente, a exaustão o venceu, e ele caiu em um sono turbulento.
Horas depois, acordou assustado. Seu rosto estava úmido com a água gélida que pingava do teto da caverna. Ele tentou gritar, chamando por ajuda, mas suas palavras eram engolidas pelo vazio da caverna. Seus dedos raspavam em vão contra as rochas ao seu redor. Lá fora, o sol se punha na sexta-feira e nascia novamente no sábado, e ninguém ainda sabia de seu destino.
Foi apenas na tarde de sábado que Juel Estus, um adolescente que vivia na propriedade, notou a ausência de Floyd e decidiu investigar. Ao chegar à entrada da caverna, viu o casaco e o chapéu do explorador, sinais claros de que ele ainda estava lá dentro. Ao chamá-lo, ouviu uma resposta fraca, um pedido desesperado por ajuda. Juel era pequeno, mas não tinha experiência em cavernas. Ele se aventurou até um ponto conhecido como “Turnaround Room”, onde a passagem se estreitava de forma assustadora. Mesmo ouvindo a voz de Floyd, ele não teve coragem de seguir adiante. Prometeu buscar ajuda e saiu para alertar os irmãos do explorador.

A notícia da situação se espalhou rapidamente, e logo Homer, o irmão mais novo de Floyd, chegou ao local. Com apenas vinte e dois anos e alguma experiência em cavernas, ele mergulhou no túnel, determinado a salvar seu irmão, desesperado, espremia-se pelo túnel apertado, guiado pelas instruções de Floyd. Mas ao alcançar o ponto onde Floyd estava preso, percebeu o quão terrível era sua situação. O túnel era um inferno de pedra e escuridão, e seu irmão estava soterrado até o peito.
Homer trabalhou sem descanso por dezesseis horas, retirando pedras e escavando ao redor do corpo de Floyd. Mas para cada pedra removida, mais desmoronavam. Seu corpo estava exausto, seus músculos queimavam de dor. Ao emergir da caverna no domingo de manhã, quase não conseguia ficar de pé. Gritou por ajuda, mas poucos estavam dispostos a enfrentar o pesadelo claustrofóbico que era aquele túnel. Enquanto isso, a notícia se espalhava pelo país, e multidões começaram a se reunir do lado de fora, algumas oferecendo ajuda, outras apenas para observar.
Na segunda-feira, um repórter chamado William “Skeets” Miller, pequeno e ágil, decidiu que entraria para entrevistar Floyd. Com esforço, passou pela abertura apertada e chegou ao explorador, que estava enfraquecido, mas ainda consciente. Ele deu um gole de café para Floyd e, ao sair, escreveu um relato emocionante sobre a tragédia. Sua reportagem levou a história de Floyd para o país inteiro.
O tempo passava, mas nenhuma solução real surgia. Especialistas em mineração, bombeiros e engenheiros estudavam a situação, mas ninguém tinha coragem ou capacidade de atravessar o estreito corredor até Floyd. O tenente do corpo de bombeiros, Robert Burton, sugeriu prender um arnês no peito de Floyd e puxá-lo com cordas. Quando Burton entrou na caverna e conseguiu prender o arnês em Floyd, deram o sinal para puxar. Mas a operação falhou terrivelmente: em vez de soltá-lo, a pressão apenas esmagou Floyd ainda mais contra as pedras, quase sufocando-o.
Então, na noite de segunda-feira, Johnny Gerald, um velho amigo de Floyd, chegou ao local. Ele já havia ajudado a resgatá-lo uma vez e estava determinado a fazê-lo novamente. Lutando contra seus próprios medos, ele entrou no caminho apertado que Floyd tinha feito e chegando na borda do buraco viu o rosto do seu amigo no fundo do poço.
Floyd sentiu pela primeira vez, um momento de felicidade, em dias, ele foi revigorado com esperança que conseguiria sair de lá. Johnny tentou deslizar seu corpo para baixo, com os pés primeiro, porém ficou preso no poço estreito, ele se ajustou e empurrou, mas ficou com medo de ficar preso antes de salvá-lo.
Antes de voltar quando ouviu a voz de seu amigo apavorado, ele sabia que não conseguiria suportar deixá-lo nessa situação. Johnny passou as próximas três horas lascando pedras para conseguir alargar o caminho, tomando cuidado pegando as lascas para não atingir Floyd.
Conseguindo abrir espaço ele conseguiu descer, removendo pedras e cascalhos com baldes, tentando liberar espaço para liberar os braços de Floyd e, com sorte, retirar aquela pedra do seu pé, depois de seis exaustivas horas de agachamentos e flexão forçando todos seus músculos, Johnny tinha ido o mais longe que podia, seu corpo não conseguia ir mais longe que a parte superior da coxa de Floyd.
Agora, já era terça-feira, Johnny sobe para descansar enquanto Floyd fica sozinho pelas próximas 12 horas. Parecia que muito progresso tinha sido feito, mas o problema é que não importava o quão forte fosse puxado ou torcido não havia como mover seu pé, Floyd estava preso há mais de quatro dias. Seu corpo estava submerso em lama gelada, e ele começava a ter alucinações. Via anjos, sonhava que estava em casa, em sua cama quente. O frio e a fome estavam vencendo sua resistência.
A multidão do lado de fora crescia. O tempo passava, e os resgatistas precisavam agir rápido antes que a caverna se tornasse sua tumba definitiva. Um novo plano surgia: abrir um túnel vertical para alcançá-lo. Mas escavar a partir da superfície levaria dias.
Floyd Collins esperou. Cada hora que passava, suas chances diminuíam. Ele havia sobrevivido por quatro dias, mas seu corpo estava cedendo. O tempo era seu inimigo. E o mundo assistia, impotente, enquanto o resgate se transformava em uma corrida contra a morte.
Miller o reporter, voltou para ver se teria alguma atualização positiva, descobriu que ainda estava tudo do mesmo jeito e entre os outros socorristas ele era o único que tinha coragem e conseguia, por ser menor, chegar até Floyd. Levando um conjunto de luzes e retirando o restante dos cascalhos foi descoberto o principal problema, a rocha estava pressionando o seu pé contra outro buraco, Miller retornou com um pequeno macaco e um pé de cabra, após horas de tentativas falhas e exausto, Miller enrolou a última lâmpada no barbante no pescoço de Floyd para ele se aquecer.
Quanto mais fundo os socorristas iam, mais as paredes e o teto estavam cedendo e começando a fechar os caminhos dos trabalhadores, quando estavam vendo se conseguiam alargar o pequeno buraco da entrada, ouve um estrondo assustador e cai muito cascalho e pedras.
O túnel estava instável e qualquer um que entrasse estaria arriscando sua vida. Johnny se moveu lentamente pela passagem estreita, chegou ao local do desabamento e começou os trabalhos para abrir novamente o caminho, retirando pedra, após pedra cautelosamente para não perturbar o cascalho. Seus esforços duraram mais de 8 horas curvado e deitado, justamente quando ele pensou que não poderia mais se mover, ele conseguiu garantir uma pequena abertura que revelou a luz ainda brilhando dentro.
Floyd ainda estava se comunicando, embora parecesse estar enfraquecendo após quase 6 dias preso. Johnny sabia que teria que conseguir uma explosão selvagem de adrenalina para remover essas rochas finais e então tentar salvar seu amigo. Eram 10h30 da noite agora, e finalmente o caminho estava aberto novamente.
Johnny saiu para buscar equipamentos para cinzelar a rocha no pé de Floyd. Ele reuniu os homens que fariam parte da brigada de baldes para mover as pedras finais ao redor da perna de Floyd. Estavam cheios de confiança de que esse seria o esforço bem-sucedido para tirar Floyd vivo. rastejaram até a sala de recuperação e ficaram atordoados com o que viram.
O teto havia desabado na passagem estreita que levava a Floyd. O desmoronamento era maior e mais pesado do que antes, com o único caminho agora inundado por um mar de rochas, cascalho, lama e detritos. A neve derretida havia inchado as paredes e o teto, e o peso simplesmente não podia ser retido. Johnny gritou para Floyd, e ele respondeu com um grito próprio. Ele estava vivo, e Johnny não podia simplesmente deixá-lo lá.
As paredes pareciam estar arquejando e respirando, prontas para sufocá-lo a qualquer momento. Os outros homens saíram dessa área, voltando para a entrada reforçada. Johnny estava sozinho, cavando a pilha de terra, esfarrapado e desesperado para que algo desse certo. Era repugnante; se ele se virasse e fosse embora, estaria essencialmente abandonando a única chance de resgate de seu amigo. Ele retirou os novos detritos do buraco, e ele simplesmente se encheu novamente de uma fonte infinita acima dele. Rochas maiores começaram a rolar pela pilha, e Johnny estava sofrendo. Ele encheu seu balde e ouviu novos estrondos. Mais chuva com lodo caiu em sua cabeça, rosto e costas.
Era realmente uma armadilha mortal. Johnny resignou-se à decisão mais difícil de sua vida, mas ele tinha sua própria família. Ele recuou para a entrada enquanto novas pilhas de cascalho e rochas se acumulavam no caminho. Ele se sentou e chorou. Ele tinha terminado. Estava claro agora que, embora Floyd ainda estivesse vivo dentro do túnel apertado, escalar para resgatá-lo não seria viável.
O governador trouxe a Guarda Nacional, e o estado finalmente assumiu o controle do esforço de resgate, com um plano de cavar um buraco diretamente até a localização de Floyd. Isso lhes daria a chance de escavar ao redor dele e trazê-lo para a superfície através de um poço reforçado.
Na quinta-feira, 5 de fevereiro, o sétimo dia de seu aprisionamento, a escavação começou. Eles estavam bastante otimistas, esperando alcançar Floyd dentro de 30 horas. Eles precisavam cavar um poço de 16 metros e depois cavar lateralmente para alcançar a passagem estreita que levava a Floyd. O entusiasmo diminuiu à medida que as horas se transformaram em dias e o progresso diminuiu para um rastreamento.
Houve problemas com colapsos de equipamentos, solo duro, chuvas fortes e disputas de pessoal. Essa escavação de 30 horas se estendeu pelos próximos 12 dias, sim, 12 dias inteiros de escavação. Durante esse tempo, houve notícias e séries de rádio sobre Floyd. Houve um inquérito militar para ver o que deu errado no esforço de resgate inicial.
Havia profissionais entrando e saindo com dezenas de ideias sobre como chegar a Floyd mais rápido. À medida que se aproximavam, pensava-se que ouviam tosse no fundo do poço, mantendo as esperanças vivas de que Floyd ainda estivesse vivo. Ele tinha um fio de água, então era possível para ele sobreviver. A lâmpada que havia sido pendurada em seu pescoço estava sendo monitorada quanto a mudanças no pulso elétrico. Pensava-se que havia alguma interferência na eletricidade cada vez que Floyd respirava.
Por dias, eles monitoraram a interferência arranhada que chegava quase 20 vezes por minuto. Essa lâmpada também estava ajudando a manter Floyd um pouco mais aquecido. Na sexta-feira, 13 de fevereiro, a lâmpada que estava mantendo Floyd aquecido queimou. Não havia mais sinal na linha de nenhum tipo. Já havia duas semanas inteiras que Floyd estava preso, sofrendo uma quantidade impressionante de tempo sob um pesadelo mental e físico.
Os escavadores do poço continuaram até segunda-feira, 16 de fevereiro, quando finalmente romperam o túnel e entraram no poço da caverna. O primeiro homem através do túnel estava a apenas alguns metros de Floyd. Foi rapidamente determinado que Floyd estava morto.
O legista desceu e formalmente fez uma determinação de morte. Ele afirmou que Floyd havia vivido por cerca de 14 dias preso no túnel. Ele parecia ter morrido apenas 3 dias antes. Foi chocante. Após o desmoronamento final, Floyd havia apenas permanecido sozinho na caverna com apenas um fio de água e o uso de um braço por 9 dias antes de morrer. Floyd era um explorador de cavernas ansioso e talentoso em uma época em que significaria tudo para sua família se ele pudesse descobrir uma caverna turística. Ele dedicou 12 horas por dia, durante semanas, tentando encontrar aquele lugar especial que pudesse comercializar.
No final, ele encontrou exatamente o que estava procurando, porque a caverna de areia se tornou um nome familiar, juntamente com Floyd Collins. A nação lamentou sua morte e ficou petrificada pela maneira como ela se prolongou de forma dolorosa e prolongada. A paixão de sua família, amigos e até estranhos para ajudar Floyd a escapar era realmente palpável. Seus esforços heroicos ao descerem em um aperto de pesadelo de rochas e terra devem ser lembrados junto com a vida e a paixão de Floyd.
O corpo de Floyd foi transferido para sua fazenda familiar alguns meses depois e enterrado perto de sua própria Caverna de Cristal. Mais tarde, quando a caverna foi adquirida pelo Serviço Nacional de Parques, ele foi enterrado no Cemitério Batista da Caverna Mammoth.
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